Atendimento a pessoa com deficiência em Mossoró: serviço ameaçado (foto: arquivo)
Em 2019, os ônibus urbanos fizeram 130.432 atendimentos a pessoas com deficiência (PCDs) em Mossoró. O risco de colapso no serviço, porém, angustia esse público. Há receio da perda de transporte grátis e inclusivo, caso o setor volte a decretar falência na cidade.
A coordenadora do Fórum de Mulheres com Deficiência de Mossoró e Região, Cláudia Medeiros, confirma essa preocupação. “Sem sombra de dúvidas, seria um impacto imenso. Até porque a maioria das pessoas com deficiência precisa demais do transporte público”, alerta.
Segundo ela, muitos vão de ônibus à aula, ao médico e a outros compromissos. “A gratuidade é importante, não está nada fácil para ninguém, e a maioria é de baixa renda. Afetaria muito, com certeza (o colapso). Espero que isso não venha acontecer”, diz Cláudia.
Prejuízo
Defensora de melhoria no serviço, a coordenadora projeta cenário mais difícil, caso venha a falir o sistema de ônibus. “Se com o transporte público, já há dificuldade quanto à acessibilidade, imagine sem ele”, adverte. O temor é de ficar refém do transporte particular.
Ao contrário do ônibus, taxi-lotação e Uber só aceitam corrida paga. E há relatos de preconceito. “Já teve motorista que cancelou a viagem, quando viu que sou cadeirante”, lamenta. “Precisamos de mais políticas públicas de inclusão”, complementa Cláudia Medeiros.
No vermelho
Concessionária de ônibus urbano em Mossoró, a Cidade do Sol lembra que a frota é equipada com elevadores e interior reservado para pessoas com deficiência. Confirma, contudo, a dificuldade de manter o serviço por causa do desequilíbrio econômico do sistema.
“Outras empresas de ônibus em Mossoró faliram, e o risco de novo colapso é real. Sobretudo, com o agravamento da crise na pandemia de Covid-19. O transporte coletivo precisa de mais atenção, principalmente em nome da população mais carente”, diz a empresa, em nota.